terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Flor de Outono


Era um Domingo de Outono como tantos outros. Dia de meias de lã e aconchego no sofá. Sentada sobre as pernas lia um livro sem conseguir percebê-lo… Avançava duas linhas na leitura, para logo de seguida retroceder quatro, na tentativa de não perder o "fio à meada”… Mas não ficava nada, tinha a cabeça a mil... Pousou a leitura e tacteou na mesinha em busca dos cigarros. Acendeu um, sorvendo uma longa e profunda fumaça. Com os olhos perdidos nas espirais de fumo, que desenhavam no ar engraçadas figuras, deixou-se ficar…
Pelo pensamento passeavam-se memórias que se misturavam com desejos, de tal maneira que lhe era difícil perceber a ténue linha que os separava… Quanto de si eram memórias?? Quanto de si eram desejos??.
Foi despertada pelo som do telemóvel que tocava “If I ain’t got you”. Deixou tocar mais um pouco… Gostava daquela música, sempre tinha gostado!
Olhou para o visor e apressou-se a atender…
Preciso-te… ouviu do outro lado.
“Abandonou” o sofá, tirou as meias de lã, agasalhou-se bem e saiu num ápice.
Pôs de lado as memórias e os desejos, deixou-os ali, deitados no sofá… Retomá-los-ia quando voltasse… Ou talvez não…
Agora era tempo de vida real!
Tempo de se sentir viva!
Tempo de descobrir uma flor no Outono!

1 comentário:

Anónimo disse...

O problema foi teres deixado as meias de lã e o aconchego do sofá......pelo menos era algo que te aquecia sem nunca ter de te dizer: preciso-te.

Beijos doces

Luis Santos